quinta-feira, agosto 23, 2012

As estórias em acrílico de Duy Huynh



Duy Huynh (pronuncia-se Yee Wun) é vietnamita radicado nos Estados Unidos da América desde os anos 80.

A sua pintura em acrílico é poética e contemplativa, assume-se em todos os formatos como a obra pictórica de um contador de estórias. As imagens repetem-se, saem do mundo físico para o onírico. E esta mistura confere beleza – que é a primeira palavra que me ocorre – a quase tudo que o pintor narra nas suas telas.

Não sei, contudo, se Duy Huynh é um seguidor consciente de René Magritte, mas as estórias que conta na sua pintura, suscitam-me esse criador belga.

Pelo onirismo de cada proposta, pela diegese da sua poesia pictórica, pela escrita de uma poesia pura nas formas e cores. É uma pintura que seria quase tangível – pelos materiais que usa, a tinta acrílica é mais rugosa, saliente – não fora tratar-se de Sonho.

Se a poesia é estar dentro da realidade e escrever a imagem, a pintura deste artista vietnamita estrutura-se do mesmo modo: ele pinta a imagem da realidade dentro da realidade.

Tão surrealista quando trata de referentes que poderiam ser dos contos de fadas ou dos mitos, como Magritte. Tão realista quando dá forma onírica ao que nos revela, sendo que pela sua própria natureza, um sonho é íntimo.



sexta-feira, agosto 17, 2012

OS BARCOS DE INHAMBANE






Velas arriadas, remos
descansando o gume

os barcos ao sol a secar as águas
e o peixe
é um cheiro sem a cor
nas redes

Então o pôr-do-sol
derrama mel na noite.

17/8/2012

terça-feira, agosto 14, 2012

terça-feira, agosto 07, 2012

JAZZ NA RUA 52


Depois tudo
depois do fumo, iria subir
os degraus dos clubes da Rua 52
gente desfolhando-se ao vento
folhas dos ramos de uma velha árvore

A Rua 52
tem o silêncio próprio das ruas
com trânsito, em porta alguma há
hoje o cheiro
da música de Parker, a sua pressa
contida no saxe alto.

7/8/2012